quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Eu não quero ajuda!


“ah, meu marido é ótimo, me ajuda muito com o bebê e com a casa!”

Se você ainda usa essa frase para definir seu companheiro, por favor, reveja seus conceitos.
Partindo do princípio que ele é o pai do seu filho e que mora na mesma casa que você, que suja roupas, louças, come, bebe e dorme, eu preciso te dizer que ele não faz mais que a obrigação.

Tente assim:

“ele é um ótimo marido e um ótimo pai, dividimos as tarefas domésticas e os cuidados com o bebê”

Bem melhor, né?

Acredito que cada casa tenha uma dinâmica diferente, cada pessoa tem aptidões diferentes e que, dentro do possível, devem ser respeitadas. Se eu cozinho bem, eu preparo o jantar. Se eu não gosto de acordar cedo, deixo as crianças por tua conta nas manhãs de domingo. Tudo é um combinado. Mas precisa haver um combinado. Se não for explícito, é natural que a mulher tome as rédeas e abrace todas as tarefas. E não porque ela é uma burra e gosta de se sacrificar, mas porque fomos ensinadas assim. Ninguém precisa falar que é a nossa obrigação, corre nas nossas veias uma educação patriarcal, na qual para o homem basta existir para ser digno de ser servido. Se a gente não pára pra pensar, continua reproduzindo um sistema de forma automática. Um sistema que nos poda, que nos diminui, que nos escraviza.

A mulher precisa relembrar dia após dia que o papel do homem é muito mais do que fornecer espermatozóides para fecundar um óvulo. É obrigação dele, igualmente como é sua, a criação desse filho. E deixar isso claro facilita muito as coisas.

Aqui em casa já tivemos altos e baixos. Hoje podemos dizer que vivemos em harmonia. O Julio é perfeitamente capaz de fazer todas as tarefas de casa, isso já foi necessário enquanto eu hibernava no começo da minha segunda gestação e sobrevivemos muito bem. Quanto aos cuidados com o Tales, nunca precisei relembrá-lo da sua função de pai. Sempre trocou fralda, deu banho, levou e buscou na escola, enfim, foi o pai que se esperava que fosse. Nunca me ajudou, sempre fez o que deveria ser feito e sempre teve a consciência de que era o seu papel e não um favor que ele fazia pra mim.


Muita gente ainda se espanta quando descobre que lá em casa quem cuida das roupas é o Julio. Isso é tão natural pra gente que acredito que o Tales vai se espantar quando ele perceber que em algumas famílias não funciona dessa forma. 

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