quarta-feira, 2 de outubro de 2013

E por quê não?

Em um fim de tarde estávamos passeando no shopping. Aquela cena clássica, os três de mãos dadas, Julio, Tales e eu, nesta ordem. Tales estava animado com o passeio e, por isso, começou a dar saltinhos ao invés de andar. Subitamente eu falei:

- Pare, Tales! Ande direito.

O Julio perguntou:

- Ué, por quê?

Pois é, por quê?

Por que sim? Por que eu mando? Por que ele é criança e tem que me obedecer? Por que ele precisa de limites? Por quê? Por quê? Por quê?

Não existia um motivo.

- Desculpa, Talinhos... pode andar do jeito que você achar mais divertido, continue pulando se quiser.

Qual é o motivo que nos leva a dar ordens aos filhos sem a menor necessidade? Depois desse dia fiquei observando as minhas atitudes e é incrível o número de vezes que eu dizia “não” sem motivo. Ou que eu o mandava fazer ou parar de fazer alguma coisa sem que precisasse.

Às vezes parece que o não dito pelos pais tem um poder salvador imediato, é livre de qualquer erro e sempre é com a desculpa de se estar educando. Ai, porque “dizer não é um ato de amor”. Ok, reconheço a importância do não no momento certo, mas a gente consegue enxergar quando é o momento certo vivendo assim no piloto automático? Ou uma ordem dada pelos pais é isenta de qualquer juízo de valor, quando dizemos não,  é não e pronto, nem precisamos de motivos?

É muito tirano pensar dessa forma. Quero um filho que pensa sobre os seus atos, que toma decisões. Que respeita regras, claro, mas que pensa sobre elas, não as obedece cegamente. Mesmo que elas venham de mim. Sou humana, me permito errar.

Quero que o “não” tenha um sentido diferente na educação dos meus filhos, que ele seja respeitado quando for legítimo, e por isso eu comecei a evitar usá-lo desnecessariamente. Lá em casa agora o “não” só é usado acompanhado de um motivo que o justifique. Não quero criar robôs, quero crianças que aprendam na tentativa e erro.

A vida já é feita de tantos “nãos” reais. Eu escolho não inventar outros.

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