terça-feira, 17 de setembro de 2013

Do começo de tudo

Quando eu me tornei mãe, alguma coisa no meu cérebro mudou. Na gravidez demorei a me acostumar com as mudanças no meu corpo, me sentia enorme, desajeitada, mas exibia o barrigão com o maior orgulho do mundo. Tinha medo do parto, medo de amamentar, medo, medo, medo. E quando o bebê chegou, todos aqueles medos foram transformados em insegurança na prática. Eu não sabia ouvir minha intuição ainda, nem sabia que tinha esse nome aquele sentimento que eu insistia em contrariar. Tive saudade da barriga, de ser o centro das atenções, de ganhar comida de presente, de ser elogiada diariamente. As primeiras semanas... ah, as primeiras semanas... O bebê, aquele serzinho encantador pelo qual eu daria a vida desde o primeiro ultrassom, não saia do circuito acorda-chora-mama-dorme-acorda-chora-mama-dorme, e eu exausta e culpada por ter vontade de chorar junto com ele. A tristeza profunda e a alegria extasiante se misturavam de um jeito que eu tinha certeza que estava ficando louca. A ocitocina saindo pelos poros tornava a vida muito mais colorida, mas logo vinha a vontade de chorar até acabar as lágrimas. Alguém em algum momento me disse que pra ser mãe a gente tem que deixar morrer uma parte de nós pra deixar nascer outra. E que temos o direito de chorar essa perda, chorar de saudade da pessoa que fomos, saudade das noites inteiras que dormíamos, saudade de ser dona do nosso tempo, saudade da sensação de liberdade. Mas a pessoa que está nascendo agora é muito mais forte, mais madura, mais inteira. Logo a saudade daquela que se foi vai embora e o que fica são só pequenas lembranças de um tempo que você não quer mais que volte, por melhor que tenha sido. Eu agora sou outra pessoa, uma pessoa que não se encaixa mais naquela vida. 
E é sobre essa nova vida que vou escrever aqui. Sobre minhas experiências como mãe, minhas opiniões, minhas expectativas e meus resultados. 

2 comentários:

  1. Prepara amiga.rs que agora vc vai ouvir de muita gente hahahaha mas adorei o que falaram pra vc sobre morrer um pedaço da gente e podermos chorar esta perda...

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  2. Eu me sinto justamente assim: enorme e desajeitada. Todo mundo fala que grávida fica linda.... e eu não consigo me olhar no espelho.
    Amei o blog, Bjo, Juliana Motta

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